26 de janeiro de 2014

A luz ao fundo do túnel



Desenhada em 2004, na altura em que Durão Barroso chefiava o governo, esta BD satirizava alguns dos chavões e tiques do executivo. Desde logo pelo título: a tal "luz ao fundo do túnel" tantas vezes anunciada mas que nunca existiu; depois o designado "discurso da tanga" - Vocês deixaram o país de tanga! - que teve como efeito imediato o "crash" bolsista e a retracção económica; e ainda (no último quadrado) a disparatada negação da evidência (Barroso), o absurdo negócio dos submarinos (Portas), e a voragem financeira de Manuela Ferreira Leite, unicamente preocupada em maquilhar o défice à custa de receitas extraordinárias. Tal como a outra BD já apresentada, também esta apareceu no 30 de Fevereiro em flash,e durante pouco tempo - pois a "luz ao fundo do túnel" só brilhou para Durão Barroso, que na primeira oportunidade fugiu para Bruxelas.

25 de janeiro de 2014

Jardim de Bananas


Como consequência da derrota nas legislativas de 2005, Santana Lopes regressou, por um breve período, à presidência da Câmara Municipal de Lisboa, que deixara entregue ao seu "vice" aquando da indigitação para primeiro-ministro. Figura habitual do chamado jet-set lisboeta e das revistas "cor-de-rosa", esta tira jogava igualmente com o seu provável regresso à Kapital, então uma das discotecas da moda na noite alfacinha e lugar de pouso da referida fauna.

20 de janeiro de 2014

O Zé, a Maria Lusa e o Político


Ainda sobre o tema dos nitrofuranos, abordado na entrada anterior, existe esta tira datada de 2003, que não chegou a ser publicada no 30 de Fevereiro. Com a carne proveniente dos aviários sob suspeita, cada um tirava as suas conclusões...

18 de janeiro de 2014

Jardim de Bananas



Esta tira, posteriormente redesenhada para o livro 'Tamos Tramados, tem a sua origem num caso de 2003: a detecção do uso de nitrofuranos - um anti-bacteriano com potencial cancerígeno - em galináceos provenientes de dezenas de explorações, as quais representavam uma percentagem considerável do mercado. Isto abalou, por algum tempo, a confiança dos consumidores na segurança alimentar. Em 2005 o caso ainda mexia, nos tribunais, devido aos prejuízos que afectaram todo o sector, desde as rações aos avicultores e às churrascarias.

16 de janeiro de 2014

Gajo Borbulha


Em 1981, Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln publicaram uma investigação histórica, "O Santo Graal e a Linhagem Sagrada", que, à época, passou praticamente despercebida. 22 anos depois, Dan Brown pegou nos dados da investigação e construiu à volta deles uma novela com o sucesso que se sabe, arrastando consigo uma polémica de dimensão proporcional. Quando esta tira surgiu, em meados de Março de 2005, o assunto ainda fazia correr muita tinta. A deturpação jocosa "Código d'Avintes" foi utilizada por outras pessoas, mas foi no 30 de Fevereiro, pela boca do Falópio, que ela se ouviu pela primeira vez.

13 de janeiro de 2014

O Partido Sexy




Esta entrada vem a propósito de mais um congresso de consagração a Paulo Portas, o líder que moldou o velho CDS à sua imagem (que outro significado pode ter o acrescento "PP"?) e no qual se mantém à frente desde 1997 - ou desde 1992, se considerarmos que Manuel Monteiro foi uma criação da sua autoria. Houve contudo um curto interregno no qual a liderança recaiu sobre Ribeiro e Castro, e são precisamente desse tempo as imagens apresentadas.
Ribeiro e Castro considerou um dia que o partido era pouco atractivo e afirmou que o CDS-PP - democrata-cristão, recorde-se - devia tornar-se num partido "sexy"! Com "cristão" e "sexy" na mesma frase, pretendia talvez levar o CDS-PP do convento para o cabaré e, no 30 de Fevereiro, sugeriu-se um retoque no símbolo do partido: a adaptação aos novos tempos que se anunciavam...

11 de janeiro de 2014

Zing & Putt


Datada de Agosto de 2001, esta página de banda desenhada é um saudável exercício de irreverência e absurdo. Os protagonistas são Jiang Zemin e Vladimir Putin, respectivamente presidentes da China e da Rússia à data do desenho. A página nunca foi publicada no 30 de Fevereiro; quando o sítio foi lançado, Hu Jintao estava já à frente da China e foi impossível arranjar um pretexto minimamente credível para a apresentar.

10 de janeiro de 2014

Jardim de Bananas


A presente tira refere-se aos tempos finais do papado de João Paulo II, quando o sumo-sacerdote decidiu fazer um espectáculo público da sua galopante decrepitude. Enquanto por trás das cortinas o Vaticano e a Igreja se questionavam se devia ou não o papa resignar, ele manteve-se teimosamente no seu trono até que a morte o levou.

8 de janeiro de 2014

O Zé, a Maria Lusa e o Político



Quando era primeiro-ministro, José Sócrates cunhou a expressão "campanhas negras" para as constantes notícias veiculadas pela comunicação social, que punham em questão não só determinados actos e decisões que lhe eram atribuídos, como até aspectos do seu carácter. A primeira "campanha negra" começou seguramente na notícia que inspirou esta tira, publicada precisamente no dia em que foi indigitado pelo presidente da república. Quase nove anos passados, José Sócrates dedica-se agora activamente ao "branqueamento", em sessão semanal na televisão pública, paga com o dinheiro dos contribuintes...

6 de janeiro de 2014

O Senhor Procurador



José Souto Moura foi Procurador Geral da República entre 2000 e 2006 e o seu mandato não correu nada bem. Dos muitos processos mediáticos que lhe passaram pelas mãos, tudo quanto era segredo de justiça foi parar aos títulos dos jornais - não era um problema unicamente seu; já acontecia antes e continuou a acontecer depois da sua saída. Contudo, a sua inépcia em lidar com a comunicação social tornou-se lendária, e ele próprio contribuiu (involuntariamente) para o descrédito da justiça, alimentando rumores e insinuações. Este "cartoon" representa uma cena real decorrida durante o processo Casa Pia e, embora possa parecer inacreditável, o diálogo é a transcrição fiel do ocorrido...

4 de janeiro de 2014

D. Bibas, o bobo do corte



Cronologicamente, esta é provavelmente a primeira tira do D. Bibas, no seu formato definitivo. Datada de 2003, refere-se à polémica decisão de Morais Sarmento, o ministro que então tutelava a RTP, de acabar com o magazine diário "Acontece", apresentado pelo jornalista Carlos Pinto Coelho. Esse curto noticiário cultural foi emitido de 1995 a 2003, e quando Morais Sarmento decidiu terminá-lo era já o mais antigo da Europa no seu género. Morais Sarmento - representada aqui também a sua fama pelo consumo de certas especiarias - considerou gastar-se demasiado dinheiro com a produção do programa, tendo declarado que era "mais compensador oferecer uma volta ao Mundo a cada espectador". A tira não chegou a ser publicada no 30 de Fevereiro pois os factos a que aludia já estavam ultrapassados na altura em que o sítio foi lançado.

3 de janeiro de 2014

Jardim de Bananas




O Jardim de Bananas é uma série de tiras com assuntos diversificados, sem heróis, inspirados nas notícias quotidianas. As seis tiras publicadas no 30 de Fevereiro, surgiram entre Fevereiro e Abril de 2005, mas é possível que estas duas tenham data anterior a Fevereiro.
A primeira remete para o caso de uma delegada de saúde que não quis apressar a refeição, enquanto um cadáver ficou duas horas à sua espera, na via pública, tapado com um lençol, aguardando a remoção. Quanto à segunda, refere-se a um dos frequentes desaguisados entre pescadores do país vizinho e as nossas autoridades marítimas; esta é, numa nova versão, redesenhada, a página inicial do livro 'Tamos Tramados, editado pelo Mário Teixeira em 2013.

2 de janeiro de 2014

Gajo Borbulha



A frase-chave desta tira, "a aplicação do princípio do contraditório", foi retirada da disputa televisiva que levou ao afastamento de Marcelo Rebelo de Sousa do comentário dominical na TVI, em 2005. As suas tiradas provocaram um grande incómodo no governo de Santana Lopes, e um dos ministros, Rui Gomes da Silva, veio a terreiro defender a tese absurda de que qualquer comentário televisivo devia ser feito a duas vozes, pelo menos, (sendo uma delas favorável ao governo, supõe-se), para aplicação do tal "princípio"...

1 de janeiro de 2014

A Retoma


Durão Barroso: de estudante maoista do MRPP, envolvido numa história de roubo de mobiliário, até à presidência da Comissão Europeia, fica o percurso exemplar de um oportunista, de ambição desmedida, sempre pronto a saltar de carruagem desde que lhe pareça mais favorável em termos pessoais. Vencedor das eleições legislativas de 2002, esteve cerca de dois anos à frente do governo, cavalgando um decréscimo do PIB que não soube inverter, e arrastou a nação para uma guerra que não lhe dizia respeito.
Esta BD de 2004, satirizava a sua argumentação repetida e pouco imaginativa: a culpa pelo estado das coisas era a herança recebida, mas a retoma estava ao virar da esquina. E é óbvio que eu não esperava a reeleição de Durão em 2006 - o quadrado de 2007 só está aqui para enfatizar, porque na geometria da história deviam existir oito quadrados e não sete. O desenho, apresentado em flash, esteve pouco tempo em exibição porque o Durão, entretanto, arranjou um "tacho" melhor em Bruxelas.